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quinta-feira, 24 de março de 2011

A Busca da Totalidade

Nosso sonho comecou quando apareci no IFCE com uma vontade de compartilhar processos que vivi durante o periodo de confeccao da minha dissertacao de mestrado que finalizei em Dezembro de 2010 em Amsterdam, Holanda. Facilitei uma oficina que relaciona movimento, elementos de Butoh com os tempos e estacoes do ano: verao, outono, interno e primavera. Em Janeiro de 2011, treinamos durante 3 dias as qualidades de movimento que as estacoes do ano remetiam ao nosso corpo e imaginário, e tivemos 1 dia na serra de Pacatuba - lugar lindo com trilhas e cachoeiras que Juliana Capibaribe  nos guiou. Lá tivemos experiencias estéticas incríveis, provamos das trocas energéticas do nosso corpo com a natureza crua e trabalhamos o desafio da 're-ligacao' ao todo. Eu nao falo 're-ligacao a natureza' porque nós somos parte dessa totalidade, e na verdade, na verdade o que nós sempre procuramos é conectar as coisas de nossa vida. Coisas que sao sub-divididas, categorizadas, rotuladas que nos alienam a cada dia, e nos des-sensibilizam, de um contato com essa totalidade. O resultado foi fortíssimo e registrado. Para dar uma olhada em algumas fotos desse momento, clique aqui!
Após nessa experiencia, surgiu em mim e no Mimo, uma vontade de dar uma continuidade e ver no que isso iria dar. Mais uma vez, facilitei outra oficina em Fevereiro desse ano com 3 dias de treinos no IFCE e 1 dia de experimentacoes em Sabiaguaba:




As fotos acima sao do experimento 'sempre corri atrás de mim como uma criança que corre atrás de um balão levado pelo vento...eu era o vento e não sabia.' - que trata da renúncia em si só, e de se deixar ir. Além de ter feito essa performance em Sabiaguaba, senti necessidade de re-faze-la na cidade, talvez bem no centro. Gostaria de resgatar a poética tao fácil apreendida na natureza crua para os espacos urbanos mais sem afetividades.


Nesse contexto, nasceu uma parceria Teatro Mimo e Poéticas do Corpo para unir as sabedorias corporais e tentar pensar um corpo analógico e que desafia um mundo digital. Na vontade de dancar essa totalidade e resgatar elos que fazem parte desse re-pertencer e ser UM, queremos achar espacos nas urbanidades e explora-los para que essa reintegracao possa ser verdade onde o caos, o monóxido de carbono, a poluicao sonora, os males sociais sao mais evidentes. Queremos ter uma experiencia de reintegracao a totalidade em ambientes da cidade - desafiando as forcas, tensoes e dualidades homem e meio, homem e outros, corpo e mente, arte e vida, sugerindo uma forma de pensar o corpo e os espacos de forma holística e, consequentemente, de transformacao social.


Nosso sonho está em processo de maturacao e estamos no comecinho. Mas, ainda tenho dúvidas, muitas questoes... Até que ponto o nosso julgamento de valores da 'natureza' ser pacífica e a 'cidade' caótica' vai influenciar nesse nosso processo? Conseguiremos aceitar as coisas como elas se manifestam e tentar harmonizá-las simplesmente como um trabalho de feng shui? De onde vem as nossas referencias do que pode ser a totalidade? A religacao? A reintegracao? Quais as possíveis relacoes entre as (quem sabe falsas) tensoes entre as dualidades psico-físicas (corpo x mente/alma) e natureza crua x espaco urbano? Que outras fragmentacoes de como vemos as coisas e a nós mesmos podemos tambem relacionar? Afinal... viajei legal, hein? Bom, pelo menos as 3:30 da madrugada todo esse texto faz sentido... talvez depois que eu dormir e acordar isso nao faca mais sentido :-) De qualquer maneira, há uma vontade. De ser UM. E isso, vem lá de dentro. Nao fala portugues. Nao cabe em mim. Compartilhemos entao?

Um comentário:

  1. viajou legal e me levou junto, porque minha cabeça tá toda baratinada. hehe
    eu acho que tem muito o que se pensar ai, quando eu conseguir colocar tudo em ordem, escrevo aqui.
    mas o que mais me faz refletir ao tentar "responder" ou absorver tuas perguntas é: até que ponto eu apenas compreendo as respostas para elas e até que ponto elas me tomam (o corpo) se fazendo vivas nele (em mim), sabe?

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