poéticas do corpo e teatro mimo (CE) colaboram e discutem caminhos que conectam o desenvolvimento integral do ser e seu pertencimento à totalidade através de experimentações estéticas de butoh e mímica corporal. o natural, o urbano, a afetividade, a midiatizaçao, a arte, a vida e 'o que nao se dá nome' - um mosaico (segmentado mas complementar) sendo pensado numa cidade reinventada, religada ao todo. PROJETO SELECIONADO PELO EDITAL SECULTFOR 2011 DE FORMAÇÃO E INTERCÂMBIO ENTRE GRUPOS DE TEATRO.
terça-feira, 24 de maio de 2011
SOBRE ENCONTROS E DESPEDIDAS
domingo, 22 de maio de 2011
Da vida que sai de mim pra outra pessoa (deixando assim um vazio em mim). Do sofrimento.
Eu não consegui encontrar o trecho, mas li na revista do Lume um depoimento de uma das atrizes – não lembro qual – falando, se não me engano, do treinamento energético. Ela dizia algo do tipo: “eu sofria muito nos treinamento energéticos. Mas eu sempre sofro tanto.”
Eu me identifiquei prontamente. E sobre isso, divagando, cheguei a escrever: “quando sofremos é bom! Quando se sofre é porque você se deu tanto ali naquele negócio, você dedicou tanto, doou tanto de si, que é sofrido se ver separada (de certa forma, mas nunca completamente) de um pedaço de você, que você, generosamente, como sempre, cede para que aquela outra coisa seja bela e verdadeira. (Acho que) adoro sofrer!”
Hoje eu sofri. Sofri porque não sei como me despedir. Não sei, creio, porque quando a gente se despede de algo, de alguém, gera um vazio e eu, infelizmente, ainda lido muito mal com esse vazio.
Hoje chorei no chão de uma praça e queria que meus espasmos virassem sementes – que logo cresceriam e virariam uma natureza grande que logo preencheria o vazio deixado pelo “adeus”.
É porque o vazio, ou como eu o vejo, é sinônimo de solidão, e ficar só dói um bocadinho. E hoje, um dia em que sofri talvez de medo disso tudo, me vejo só e vazia. Essa experiência remexe tudo por dentro e qualquer coisa doida dentro anda se remexendo toda aqui dentro de mim – num espaço grande demais para que ela possa ocupar – ai ela vai sendo atirada de parede em parede, reverberando pra lá e pra cá do meu estômago.
E a vontade que dá é de nem sei o quê – vontade de que as palavras virem nada – vazias como o vazio que me engole os rins, pulmões, fígados e todo o resto – ou que virem pássaros, pontos pequenos, soltos, livres, ínfimos no vazio enorme que é o céu. Vontade que minhas palavras me ocupem num abraço apertado e morno, como se eu só tivesse elas, como se só elas pudessem se transformar em algo que abraça.
Tenho dó de quem não sofre assim. Porque amanhã o dia vai ser quente – dia de calor e sol e de mim latente atirada nesse mundo, de mim latente, pulsante e presente em mim mesma. Será que quem não sofre tem dias assim?
sábado, 21 de maio de 2011
quando se enfrenta terras inférteis: exercício da colaboração do teatro mimo, poéticas do corpo e amigos. IFCE, Feira Agroecológica da Praça da Gentilândia e Praça do BNB - Fortaleza-CE. 21 de Maio de 2011. quando se tem necessidade de provocar os sentimentos até a flor-da-pele. minha e tua.
quando se entreabre os olhos e já se conquista estados corpóreos de generosidade.
quando os poros se espandem, quando os raios são um meio entre o ser e o início de tudo.
quando baixamos as guardas e preconceitos. quando compartilhamos onde não há lixo inorgânico.
quando as essências e todos os ciclos se sucumbem à efemeridade. gelada.
quando as comunicações ultrapassam linguagens (e sempre se quer interagir quando se é criança).
quando o adeus pulsa, pulsa, pulsa e... agora um novo encontro.
quando se vê o outro em instâncias paralelas, infinitas de várias vidas. inevitável.
quando aquele chão nos conta tantas histórias de desencontros. tudo é falado bem baixinho. shhhhh!
quando as conexões são mais fortes que quando se rouba um banco. pela décima-terceira vez.
quando há uma linha que liga o centro da terra à estrela de um garoto vestido de amarelo.
quando uma 'superformance' acaba sendo a coisa mais simples da vida. e um homem chora no banco.
quando a cidade é reinventada, digerida e processada. algumas pétalas de flores pelo BNB.
quando o pé tem uma permissão irrevogável de dançar com todos os verdes de deus e de tudo.
quando se come feijoada, moqueca e a melhor coisa do passeio público é essa árvore.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Terça das flores
dentre as as sensações do grupo na terça percebo
uma linda flor amiga em meu ventre
expansão
vermelha
que cresce sem limite,
mas que é macia e suave
feito o vento leve que bate em suas pétalas.
As relações estabelecidas no exercício ficam sendo ruminadas
e uma sensação de continuidade e de lugar único
tudo começa e termina em mim
Shiva