poéticas do corpo e teatro mimo (CE) colaboram e discutem caminhos que conectam o desenvolvimento integral do ser e seu pertencimento à totalidade através de experimentações estéticas de butoh e mímica corporal. o natural, o urbano, a afetividade, a midiatizaçao, a arte, a vida e 'o que nao se dá nome' - um mosaico (segmentado mas complementar) sendo pensado numa cidade reinventada, religada ao todo. PROJETO SELECIONADO PELO EDITAL SECULTFOR 2011 DE FORMAÇÃO E INTERCÂMBIO ENTRE GRUPOS DE TEATRO.
quinta-feira, 31 de março de 2011
discutindo relação
Integração x Indirença
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
SEM NOME
Resposta - Encontro 30 de Março 2011.
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Aristóteles dirá em sua Metafísica, que o homem deseja conhecer as coisas por natureza, o que é o mesmo que dizer que estamos incondicionalmente destinados a conhecer. Isto nos leva a dizer que tudo o que fazemos durante toda nossa existência, em verdade, é nos conhecermos nas coisas que buscamos conhecer. Somos ainda dotados de um modo de expressão único, a linguagem falada. Segundo nos revelam os mitos gregos, o homem é o único dentre todos os animais capaz de falar, pois foi beneficiado, recebeu uma dádiva dos deuses: o poder expressar o logos. Assim, eleito por um capricho olímpico, a fala aparece para os gregos como o fator distintivo da humanidade, porque é na fala que se manifesta o ser, "falar é refletir o kosmo, tal como ele é" - comenta Christophe Rogue. Ou seja, por meio da razão manifestamos a fala articulada, e esta, por sua vez é justamente a marca da natureza humana. Razão esta que, sendo um atributo cada vez mais preponderante na linguagem, marcará decisivamente o final do século XVIII, determinando o modo de ser, ver e expressar o mundo.
Será que temos que obedecer essa lógica Razão x Expressão?????
CHEGA! QUERO RUPTURAS JA!
Será que precisamos dar nome ha tudo que fazemos?
Que necessidade absurda é essa que temos de tentar classificar, codificar tudo o que fazemos, que queremos?
Porque simplismente não deixamos acontecer?
Se é Dança, se é Teatro Físico,se é Butoh, se é Arte Contemporânea, se é .... aFF!
Pra que se dar classificações se aquela Arte é Dança ou é Teatro? Se é expressionista ou dadaíta?
O que a gente quer não precisa ser Arte!
"De fato, a sociedade tem necessidade de artistas, da mesma forma que precisa de cientistas, técnicos, trabalhadores, especialistas, testemunhas da fé, professores, pais e mães, que garantam o crescimento da pessoa e do progresso da comunidade... no vasto panorama cultural de cada nação, os artistas têm seu lugar específico...Toda a forma autêntica de arte é, a seu modo, um caminho de acesso à realidade mais profunda do homem e do mundo. E constitui um meio onde a existência humana encontra sua interpretação plena..."CARTA AOS ARTISTAS - PAPA JOÃO PAULO 11
E se não quisermos fazer Arte? Se o que quizermos fazer for muito mais alem dessas convenções?
Se eu quizer mostrar algo alem da linguagem humana, que ultrapasse a Arte?
E não venham me perguntar o que é isso que eu quero mostrar, porque logo responderei....
NÃO TEM NOME!
Apenas quero expressar as coisas que sinto, sem me importar com nehuma classificação,aceitar as influências que recebi, mas a partir do momento que sou eu, se somos nós que apresentamos, tudo aquilo que passamosa desenvolver é nosso, não são essas influências...
Finalizo esse post, tentando resgatar o momento que não tem nome...
Fecho os olhos, e deixo os pensamento virem á tona.. soltos pela minha cabeça...
Aqui nem a linguagem, nem a Arte habita, sou apenas eu... sou apenas nós .. sou apenas Contemplação!
Por mais que eu va lá dentro, eusempre busco fora.. por mais que eu tenha meu universo particualr, vai ser na busca incessante dessa comunicação que nossos universos particulares se cruzam, e retomamos estar juntos em nossa Biosfera.
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Os nossos canais expressam isso: ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Conseguimos passar isso: \\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\
Voce¹ entende isso: .....................................
Voce² entende isso: & ♥☺ ☻
Voce³ entende isso: • ♣ ○ ◘ ♦
E ainda tem gente que pergunta no fim do espetaculo: "O que voces quiseram mostra com isso?"
Tem coisas que NÃO TEM NOME!
A PRAÇA AINDA MEXE COMIGO
quarta-feira, 30 de março de 2011
CIRCULAR
PARTICULAR-UNIVERSAL
SEM NOME
O encontro de hoje do projeto Poetizando as Mímicas do Corpo foi bastante instigante, dialogamos sobre as questões que durante essas semanas nos instiga. Falamos da do não-lugar, da poética do espaço, da totalidade, do holárquico e de butoh.
Cíclico.
Circular.
IDA - Rua Padre Ibiapina / Avenida do Imperador / Avenida Domingos Olimpio / Rua Tereza Cristina / Avenida Treze de Maio (Reitoria UFC , CEFET, 23 BC, Igreja de Fátima , ao lado Hospital Antonio Prudente ) / Avenida Pontes Vieira / Avenida Barão de Studart / Avenida Antonio Sales (Canal 10, Praça da Imprensa) / Rua Leonardo Mota / Avenida Desembargador Moreira, Náutico. VOLTA - Náutico, Avenida Desembargador Moreira / Avenida Abolição / Historiador Raimundo Girão / Rua Pessoa Anta / Avenida Alberto Nepomuceno (10 Região Militar) / Rua João Moreira ( Passeio Publico , Santa Casa, Praça da Estação ) / Rua Guilherme Rocha (Liceu do Ceara, Corpo de Bombeiro) / Avenida Filomeno Gomes / Rua Carneiro da Cunha ( Senai ) / Rua Padre Ibiapina.
Circular.
Voltar ao mesmo ponto. Uma modificação. Modificações. Corpos em transe. Transeuntes. Contato-improvisação. Coletivo. Universo particular no coletivo. Universos particulares que se encontram, convergem, mesmo que inconsciente, e constroem uma bioesfera, uma macro esfera, o Universo. Universal. Do mergulho interno, do particular, de lá de dentro, você vai lá para fora, para o todo. Totalidade. Autencidade.
Uma pergunta paira no ar: o que estamos fazendo (ou nos propondo) é Butoh? Há a real necessidade de nomear? Continuaremos chamando de PseudoButoh (nós do MiMO)[1]? Daremos outro nome (Poéticas e MiMO)? Quem sabe, BeachButoh, DunasButoh, AldeotaButoh, ViaSulButoh, BeiraMarButoh, IracemaButoh ou AgresteButoh, FomeButoh, BuracosButoh, ProstituiçãoInfantilButoh, MisériaButoh, TitanzinhoButoh, MiranteButoh, CrackButoh e outros Butoh’s que possam surgir em meio aos gritos particulares-universais do ser humano. O arquétipo.
Partimos então nas nossas discussões de um Butoh como não técnica, mas como uma dança pessoal, uma dança do agora, do momento, você pega o que tem dentro e externaliza, mas o que tem dentro vem do externo: a fome, a dor, a agonia, a morte, a esperança, a vida que é intrínseca à humanidade.
Retomando a citação de Decroux[2] no post da Rafa: “ (...) é o corpo que tem que pagar, é o corpo que conta, que provê, que sofre. E quando eu vejo um corpo se levantar, eu sinto que é a humanidade que está se levantando”. Percebemos nas palavras do criador da MCD que a mesma parte do drama humano pessoal, dos dramas pessoais, da sua dança pessoal, da sua metáfora com seus fantasmas e abre para o mundo, para a humanidade, na subjetividade, pois o drama pessoal é tirado a partir do drama humano, do Macro. Particular[3]-Universal.
Contemplemos!
[1] PseudoButoh foi o nome dado, sugerido, enfim, um nome para identificar uma qualidade estética que se assemelhava a estética do Butoh que o Teatro MiMO percebeu nas montagens dos espetáculos AS LAVADEIRAS e MULIERES. No primeiro espetáculo esta qualidade surgiu a partir de experiências com a Mímica Subjetiva, no segundo, com o Treinamento Energético. Hoje, o grupo experiencia a fusão desses treinamentos e juntamente com o, Poéticas do Corpo, estão na busca do SEM NOME.
[2] A origem da Mímica Corporal: uma entrevista com Etienne Decroux por Thomas Leabhart. Trad.: George Mascarenhas. In: A mímica Corporal Dramática no Brasil e o legado de Etienne Decroux. Projeto Mímicas, Caderno 1: 2009.
[3] Não confundir particular com individualidade.
[4] Fotos: Circular, Hijikata, Ohno, Ashikawa, Takenouchi, Endo,Ken Mai, Aki Suzuki, Val Rai.
Desenvolvimento humano em espiral de Ken Wilber (ou o que é que esse povo fala nesse blog e o que tem a ver com nosso processo criativo?)
Segunda passada, éramos somente para discutir Butoh e Autenticidade, e acabamos indo mais fundo. Saí mexido, sacudido e sem respostas. Mas lá no fundo saí de lá satisfeito... Nao em paz, mas satisfeito pelo confronto e pela urgencia de mudança em mim mesmo. Que eu faço com isso agora? Sério, que faço?
A resposta mais sensata que posso dar é: -FAÇAMO-NOS.
Transformação pessoal e social.
terça-feira, 29 de março de 2011
Integrando
Em busca das raízes!
Também vou de citação
Alguns textos e websites:
Estereótipos
Butoh como restaurante
Butoh e natureza
Butoh e o 'estar entre'
Butoh e o SHIATSU
Butoh no mundo
Butoh no Brasil
Butoh for Tadash Endo
Butoh e o cavalo
gente, esse do cavalo eu conheço a galera! hehe. quando eu pensar em outras referencias eu posto aqui.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Distúrbio (?) de Personalidade Múltipla
Pelo visto não sou só eu que tenho...
Fragmento transcrito por mim hj a partir de falas da Marisa e do David e de pensamentos meus.
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Pra fora do corpo
Butoh, pertencimento, autenticidade, influencia e liberdade.
Parte 2 do documentário Val Rai
Provocaçoes? Empatias?
domingo, 27 de março de 2011
Uma causa, uma ignorância.
sábado, 26 de março de 2011
Círculo?!
sexta-feira, 25 de março de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
O INCRÍVEL CASO DO POSTE QUE VIROU ÁRVORE - RESPOSTA À PROVOCAÇÃO: 'Qual a diferenca entre um poste e uma árvore?'
Fotos de Leandro Barcellos e Roberto Maio
O IPÊ AMARELO:
O ipê amarelo é a árvore brasileira mais conhecida, a mais cultivada e, sem dúvida nenhuma, a mais bela. É na verdade um complexo de nove ou dez espécies com características mais ou menos semelhantes, com flores brancas, amarelas ou roxas. Não há região do país onde não exista pelo menos uma espécie dele, porém a existência do ipê em habitat natural nos dias atuais é rara entre a maioria das espécies (LORENZI,2000).
A espécie Tabebuia alba, nativa do Brasil, é uma das espécies do gênero Tabebuia que possui “Ipê Amarelo” como nome popular. O nome alba provém de albus (branco em latim) e é devido ao tomento branco dos ramos e folhas novas.
As árvores desta espécie proporcionam um belo espetáculo com sua bela floração na arborização de ruas em algumas cidades brasileiras. São lindas árvores que embelezam e promovem um colorido no final do inverno. Existe uma crença popular de que quando o ipê-amarelo floresce não vão ocorrer mais geadas. Infelizmente, a espécie é considerada vulnerável quanto à ameaça de extinção.
A Tabebuia alba, natural do semi-árido alagoano está adaptada a todas as regiões fisiográficas, levando o governo, por meio do Decreto nº 6239, a transformar a espécie como a árvore símbolo do estado, estando, pois sob a sua tutela, não mais podendo ser suprimida de seus habitats naturais.
A Busca da Totalidade
Após nessa experiencia, surgiu em mim e no Mimo, uma vontade de dar uma continuidade e ver no que isso iria dar. Mais uma vez, facilitei outra oficina em Fevereiro desse ano com 3 dias de treinos no IFCE e 1 dia de experimentacoes em Sabiaguaba:
As fotos acima sao do experimento 'sempre corri atrás de mim como uma criança que corre atrás de um balão levado pelo vento...eu era o vento e não sabia.' - que trata da renúncia em si só, e de se deixar ir. Além de ter feito essa performance em Sabiaguaba, senti necessidade de re-faze-la na cidade, talvez bem no centro. Gostaria de resgatar a poética tao fácil apreendida na natureza crua para os espacos urbanos mais sem afetividades.
Nesse contexto, nasceu uma parceria Teatro Mimo e Poéticas do Corpo para unir as sabedorias corporais e tentar pensar um corpo analógico e que desafia um mundo digital. Na vontade de dancar essa totalidade e resgatar elos que fazem parte desse re-pertencer e ser UM, queremos achar espacos nas urbanidades e explora-los para que essa reintegracao possa ser verdade onde o caos, o monóxido de carbono, a poluicao sonora, os males sociais sao mais evidentes. Queremos ter uma experiencia de reintegracao a totalidade em ambientes da cidade - desafiando as forcas, tensoes e dualidades homem e meio, homem e outros, corpo e mente, arte e vida, sugerindo uma forma de pensar o corpo e os espacos de forma holística e, consequentemente, de transformacao social.
Nosso sonho está em processo de maturacao e estamos no comecinho. Mas, ainda tenho dúvidas, muitas questoes... Até que ponto o nosso julgamento de valores da 'natureza' ser pacífica e a 'cidade' caótica' vai influenciar nesse nosso processo? Conseguiremos aceitar as coisas como elas se manifestam e tentar harmonizá-las simplesmente como um trabalho de feng shui? De onde vem as nossas referencias do que pode ser a totalidade? A religacao? A reintegracao? Quais as possíveis relacoes entre as (quem sabe falsas) tensoes entre as dualidades psico-físicas (corpo x mente/alma) e natureza crua x espaco urbano? Que outras fragmentacoes de como vemos as coisas e a nós mesmos podemos tambem relacionar? Afinal... viajei legal, hein? Bom, pelo menos as 3:30 da madrugada todo esse texto faz sentido... talvez depois que eu dormir e acordar isso nao faca mais sentido :-) De qualquer maneira, há uma vontade. De ser UM. E isso, vem lá de dentro. Nao fala portugues. Nao cabe em mim. Compartilhemos entao?
Qual a diferença entre um poste e uma árvore?
Na ansiedade meio contida e meio não de conseguir apreender e assimilar em tão pouco tempo todas as coisas riquíssimas que foram ditas hoje/ontem (tarefa que, pelo menos para mim, é sempre difícil), me ficou escapando pelos dedos uma divagação meio torta, talvez sem fundamento concreto, mas que foi jogada a mim por mim mesma e agora continuo o jogo passando pra vocês, na forma dessa postagem, provavelmente bem menos formulada do que eu gostaria.
Um dos tópicos mais visitados na conversa de hoje (até porque é foco do nosso projeto), foi a intenção de tentar trazer para o espaço urbano a sensação holística que experimentamos quando em maior contato com a natureza. E, como foi dito, isso será claramente um desafio.
Transitamos por diversas outras questões, mas uma que me ficou vibrante na cabeça foi a de que somos feitos todos da mesma essência, quando tratando da matéria (lembro da Marisa falando da amiga que se surpreendeu ao se dar conta de que é composta da mesma coisa que compões um cristal, o que me fez pensar: “e então, o que me diferencia de um cristal? Ou de qualquer outra matéria, corpo ou objeto?” Acredito que isso por si só já é uma provocação maior do que eu acho que possa dar conta, mas nem é bem ela a principal dessa postagem) portanto, somos capazes de nos “identificar” com qualquer objeto existente no mundo. Certo? Ou seja, teórica e grosseiramente falando, deveríamos poder nos identificar com (e nos sentir “confortáveis” perto de) elementos do espaço urbano tanto quanto com elementos da natureza. Certo?
Somos “compatíveis” com um poste tanto quanto com uma árvore (?).
Todas essas aspas e pontos de interrogação servem para ilustrar quão titubeante estou ao afirmar assim tudo isso e quão tosco e objetivo é o modo como coloquei tudo isso. Mas onde eu queria realmente chegar é no fato de que, mesmo isso fazendo total sentido, nós ainda sim não nos sentimos tão integrados com o mundo num espaço urbano quanto tendemos a nos sentir na natureza (por isso que será um desafio, né?). É difícil tratar disso dessa forma, porque é como se eu afirmasse que natureza e espaço urbano são distintos e independentes. Compreendo que não é bem assim (o que me remete ao conceito de holarquia também citado pela Marisa e à prática de fragmentação ocidental), e que temos que começar a quebrar com essas dualidades de agora, mas falo assim para ilustrar meu raciocínio. Que é o seguinte:
Por quê que, mesmo sabendo que, em teoria, essa integração com o mundo urbano também é possível, nós não nos sentimos nessa totalidade tão facilmente quanto quando estamos “na natureza”? (Na verdade o raciocínio vem agora!).
A melhor resposta que obtive é que, mesmo possuindo essa capacidade de compatibilidade, nós fazemos parte de uma natureza que eu chamaria (talvez equivocadamente) de “primordial”. Ou seja, as coisas que foram “criadas por Deus” nos 6 primeiro dias.
Essas coisas foram projetadas para viverem harmonicamente em conjunto, citações bíblicas à parte, desde o começo dos tempos, seja lá por qual entidade ou força superior. E nós estamos inclusos como seres vivos convivendo nesse sistema.
Porém, a paisagem urbana é excessivamente recheada de conseqüências exageradas da ação humana sobre a natureza (prédios; carros; transito; poluição urbana – visual, sonora, do ambiente como ar e etc). Já esses elementos não estão entre nós desde o começo do mundo, eles foram frutos das nossas mãos e, por mais que possamos nos adaptar a eles (o que acontece, claro, bem ou mal, caso contrário não existiriam seres humanos habitando cidades), essa convivência não é natural, ao menos não tanto quanto com esses outros elementos “primordiais” da natureza. Fomos condicionados a essa convivência e, por mais que já muito bem adaptados a ela, em algum lugar acredito que ainda grite dentro da gente a sensação de que não fomos desenhados inicialmente para viver no meio de todo esse caos de pedra (porque caos existe em tudo que é canto, mas milhares de carros buzinando numa fila em pleno sol do meio dia enquanto você se morde de angustia por já tá atrasado pro trabalho foi um caos totalmente gerado por nós) – feito os passarinhos da minha varanda, por mais clichê que a analogia seja. E tem ainda outra questão. Existem ainda pessoas que simplesmente não agüentam a natureza. Essas assimilaram completamente esse modo urbano de vida, imagino. E as que não suportam natureza, mas vivem estressadas com o estilo de vida urbano? Ficaram pelo caminho, acredito...
Enfim, foi pensando nisso tudo que, mesmo sendo eu simpatizante fervorosa do conceito de holarquia, não pude fugir do conceito de hierarquia – será que existe uma hierarquia de matéria? Será que esses elementos que já são inerentes ao mundo, ou frutos naturais dele não seriam “melhores” ou “mais importantes” do que esses só criados porque temos a sorte de possuir um cérebro “pensante” e um polegar opositor?
Ufa! Nem sei se consegui me explicar direitinho... Mas enfim, fiquei orbitando por entre esse bocado de coisas que joguei aqui. Espero que algo possa ter sido compreendido e/ou despertado. O que acham?
Beijos nos corações!
Rafa.
Anexo 1: O texto do livro “My Antonia” que falei...
“Sentei-me no meio do jardim, onde as serpentes dificilmente se aproximariam sem serem vistas, e encostei minhas costas contra uma abóbora quente e amarela. Haviam alguns arbustos rasteiros de cereja crescendo ao longo dos sulcos, cheio de fruta. Levantei as folhas triangulares que protegiam as frutas e comi algumas. Ao meu redor, gafanhotos gigantes, duas vezes maior que qualquer outro que eu já tinha visto, estavam fazendo acrobacias entre as videiras secas. Eles pulavam para cima e para baixo na terra arada. Lá o vento não soprava muito forte, mas eu podia ouvi-lo cantando
sua melodia murmurada até lá em cima, e eu podia ver a grama alta oscilando. A terra estava quente debaixo de mim, e quente estava enquanto eu a sentia através de meus dedos. Pequeninos besouros vermelhos apareceram e moviam-se em esquadrões lentamente ao meu redor. Suas costas eram de um vermelho polido, com manchas pretas. Eu me mantive tão parado quanto conseguia. Nada aconteceu. Eu não esperava que nada acontecesse. Eu era algo que estava sob o sol e o sentia, como as abóboras, e eu não queria ser mais nada além disso. Eu estava totalmente feliz.
Talvez seja assim que nos sentimos quando morremos e nos tornamos parte de algo inteiro. Seja isso o sol ou o ar, ou a bondade ou o conhecimento. De qualquer forma, isso é felicidade; ser dissolvido em algo completo e grande.
E quando isso acontece com alguém, acontece tão naturalmente quanto o sono.”
O David ta certo... Não é preciso morrer.
Anexo 2: Fotinha. (Facebook de Fernanda Porto).
http://www.facebook.com/photo.php?fbid=10150106564279393&set=a.293086694392.141339.526454392&theater