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domingo, 22 de maio de 2011

Da vida que sai de mim pra outra pessoa (deixando assim um vazio em mim). Do sofrimento.

Eu não consegui encontrar o trecho, mas li na revista do Lume um depoimento de uma das atrizes – não lembro qual – falando, se não me engano, do treinamento energético. Ela dizia algo do tipo: “eu sofria muito nos treinamento energéticos. Mas eu sempre sofro tanto.”

Eu me identifiquei prontamente. E sobre isso, divagando, cheguei a escrever: “quando sofremos é bom! Quando se sofre é porque você se deu tanto ali naquele negócio, você dedicou tanto, doou tanto de si, que é sofrido se ver separada (de certa forma, mas nunca completamente) de um pedaço de você, que você, generosamente, como sempre, cede para que aquela outra coisa seja bela e verdadeira. (Acho que) adoro sofrer!

Hoje eu sofri. Sofri porque não sei como me despedir. Não sei, creio, porque quando a gente se despede de algo, de alguém, gera um vazio e eu, infelizmente, ainda lido muito mal com esse vazio.

Hoje chorei no chão de uma praça e queria que meus espasmos virassem sementes – que logo cresceriam e virariam uma natureza grande que logo preencheria o vazio deixado pelo “adeus”.

É porque o vazio, ou como eu o vejo, é sinônimo de solidão, e ficar só dói um bocadinho. E hoje, um dia em que sofri talvez de medo disso tudo, me vejo só e vazia. Essa experiência remexe tudo por dentro e qualquer coisa doida dentro anda se remexendo toda aqui dentro de mim – num espaço grande demais para que ela possa ocupar – ai ela vai sendo atirada de parede em parede, reverberando pra lá e pra cá do meu estômago.

E a vontade que dá é de nem sei o quê – vontade de que as palavras virem nada – vazias como o vazio que me engole os rins, pulmões, fígados e todo o resto – ou que virem pássaros, pontos pequenos, soltos, livres, ínfimos no vazio enorme que é o céu. Vontade que minhas palavras me ocupem num abraço apertado e morno, como se eu só tivesse elas, como se só elas pudessem se transformar em algo que abraça.

Tenho dó de quem não sofre assim. Porque amanhã o dia vai ser quente – dia de calor e sol e de mim latente atirada nesse mundo, de mim latente, pulsante e presente em mim mesma. Será que quem não sofre tem dias assim?


5 comentários:

  1. gente, é isso ai. as vezes eu escrevo muito.

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  2. e ai vem uma pessoa nos consolar e enxugando nossas lagrimas, fala: 'nao chore'. e quando quero que o mundo exploda na tv, no outdoor, no panfleto e na fachada daquele cinema abandonado diz-se: 'pare de sofer'.

    me senti muito tocado, rafa. ja disse adeus varias vezes: algumas mais de uma vez para uma mesma pessoa e outras so disse adeus uma vez...

    ah... teve outras que nem deu tempo dizer...

    e agora, temos o agora. mas vamos fazer um trato... economizaremos no nosso adeus - que e' raro e caro metal. nos endividaremos de 'oi', 'senta aqui', 'deixa eu te abracar', 'me beija', 'aiaiai'... vale ate um 'ate logo mais'. digamos que o adeus a deus adeus.

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  3. enfim: deixemo-nos sofrer. e amor sem moderacao nenhuma.

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  4. lindo comentário!
    e topo. a gente podia deixar que os "'oi', 'senta aqui', 'deixa eu te abracar', 'me beija', 'aiaiai' ou 'ate logo mais'" sirvam de adeus.
    substitutos pro adeus.
    quando tu for embora, em vez de dizer "adeus" vou dizer "você é o homem mais bonito da festa" (referencia da oficina que a gente tá fazendo aqui em natal com a adelvano, depois explico.)
    me parece que assim cabe o sofrimento e o amor mais ainda!

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